quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Como se não houvesse amanhã

"Amor é mesmo aquela sensação de voltar pra casa.
Adormecer lado a lado é a grande prova.
No dia seguinte, acordar e sentir que está levando alguém com você.
Descobrir um sorriso ridículo no canto da boca.
Pronto, encaixou.
Feito pecinhas de lego: diferentes, mas vindas do mesmo mundo.
Lego é gostoso. Quebra-cabeça não.
Amor não é desejo, é feito de, amor é feito de amor, mas não só.
Amor não tem razão.
Ninguém ama pelas qualidades do outro, nem apesar dos seus defeitos.
Ama porque o outro é o outro e pronto. Amor é pacote completo.
Você sabe que é amor quando se descobre um cúmplice, aquele que te faz cair na risada, que faz suas pernas tremerem, que te irrita as vezes.
Você sabe que é amor quando tem a coragem de se mostrar. E de se ver. O outro é um espelho.
Você sabe que é amor quando se entrega. Mas é melhor guardar algo para si mesmo.
Amor não pode ser só para o outro. Amor é o exercício do não ter. Amar e não ter nada em troca. Porque se é amor, não é em troca.
Amor não serve pra nada, não garante nada.
Como as boas coisas da vida. Amor é presença e é falta. Uma não vive sem a outra.
Amor é liberdade. Gostoso é saber que o outro, com tantas opções, escolheu você mais uma vez.
O que fazer para que amanhã ele faça a mesma escolha?
Amor é feito de hoje, da arte de não fazer tudo sempre igual. Da construção. Como revestir parede com aquelas pastilhas bem pequenininhas. No amor é preciso colocar uma por uma, sem pressa de ver pronto, por que quem ama espera.
Pra mim, é esse o sentido de amar como se não houvesse amanhã, menos voraz do que sugere."